Por você...

Por você...

Só no que pensei hoje, nesta frase que não teve fim, nem ao menos começo, a única coisa que sei é que estou em casa de molho por uma virose ocular e lembrando de Deus sabe lá o que, apenas sei que senti falta, tentei chorar e não podia porque avirose dói bastante e chorar aumenta a dor que sinto... Detesto fazer pequenas retrospectivas reflexivas de minha vida com fundo musical, porque vejo que no fundo eu acredito e quero um amor forte, arrebatador, intendo e verdadeiro, eu quero sentir o calor dos braços me aquecendo e tudo que tenho são cobertores impessoais.

A maior parte dos meus sonhos sempre foram os mais provincianos e domésticos possíveis, viver um amor de novela que trás em seu contexto uma trilha sonora, lágrimas e juras, uma visão romantica que a Poliana vive suspirando pelos cantos e cria no seu mundinho quase que altista.

Por vezes penso que sinto falta de mim mesmo como a personagem principal do filme que acaba com o EU TE AMO, ou do drama que ao terminar todos morrem por amor, de amor, com amor...

A virose ocular trouxe a carência que escondida diariamente atrás da Diva que ri e brinca para esquecer de si mesma, porque ela sabe que não é tão brilhante quanto gostaria, mas sempre se manterá linda e espetacular para que os outros a admirem, porque ela mesma não se admira, muito menos se conforma de não ser normal e provinciana quanto gostaria.

A Diva sobe no salto e está sempre pronta para o que der e vier, enfrenta tudo com classe, força, glamour e muito gliter, mas só há uma coisa que ela nunca conseguiu enfrentar que é a saudade e a certeza de que está sozinha, porque se ela assim o fizer terá que olhar para dentro de si e descobrir que o seu mundo é tão falso quanto o seu sorriso diante do espelho que a faz acreditar diariamente que tudo vai passar... e o seu dia vai chegar...

As Divas têm crises, amam e não são amadas, frustram e são frustradas, mas o que a mais incomoda é a certeza de que um dia o seu gliter vai acabar e ela não saberá mais ser o que é, pois as aparências enganam e o seu fim é tão próximo e raso quanto uma taça de vinho, linda e deliciosa, mas quando acaba logo procuramos outra e a anterior é rapidamente esquecida...

A saudade trás a solidão e a certeza de que a vida é limitada e curta demais para não amarmos, e porque eu ainda não sei por onde ir? Porque eu amei e não fui amado como queria? Porque ainda tenho saudades? Se soubesse não estaria aqui me consumindo numa virosa ocular... e ouvindo a trilha sonora de um momento que um dia pensou que pudesse fazer-me esquecer o passado e começar com um outro alguém... esse nunca apareceu... pelo menos até hoje... É por você que chamo, por você que se esconde e sabe que a Diva existe, talvez não como você diz ser, mas da maneira provinciana que sonha todas as noites em viver...